Infecção Urinária:
Do diagnóstico à prevenção
Infecção Urinária: Do diagnóstico à Prevenção
Estima-se que 20-50% dos antibióticos prescritos para tratamento de infecção urinária nas unidades de pronto-socorro são imprecisos ou desnecessários, ou seja, muitas vezes, o tratamento é inadequado.
Pelo menos metade de todas as mulheres terão ao menos 1 episódio de infecção urinária ao longo da vida, e 33% destas serão acometidas até os 24 anos de idade.
Por que a infecção urinária é mais comum entre as mulheres ?
A principal explicação é a própria anatomia feminina. A uretra da mulher é mais curta do que a dos homens, mede de 3-5 cm, e está localizada logo acima da abertura da vagina. Essa região genital é naturalmente colonizada por bactérias da pele e existe o risco dessas bactérias penetrarem pela abertura da uretra e atingirem a bexiga, causando infecção urinária.
Quais os principais sintomas?
Os principais sintomas da infecção urinária são: ardência para urinar, aumento da vontade de ir ao banheiro e sensação de que a bexiga não se esvaziou completamente. Alguns casos evoluem para infecção renal e podem ser mais graves, geralmente ocorrendo febre, dor lombar ou até sangramento na urina.
Quais doenças podem ser confundidas com infecção urinária ?
As três principais condições que fazem diagnóstico diferencial com infecção urinária são: bacteriúria assintomática, vulvovaginite e bexiga hiperativa.
A bacteriúria assintomática é a presença exclusiva de bactéria na urina, na ausência de sintomas. Por diversas vezes, especialmente em idosos ou pacientes que usam sondas, exames de urina são desnecessariamente realizados. As únicas situações em que tratamos a bacteriúria assintomática são durante a gestação ( risco de parto prematuro) e antes de cirurgias urológicas.
A vulvovaginite é a inflamação e infecção da vagina e introito vaginal. Como a região encontra-se inflamada, durante a micção, quando a urina entra em contato a vagina, ocorre a sensação de ardência. Outros sintomas comuns são corrimento transvaginal e dor durante as relações sexuais.
A bexiga hiperativa é mais comum em idosos, diabéticos e portadores de doenças neurológicas (AVC, Alzheimer, Parkinson), em que ocorre uma disfuncionalização da bexiga e a mesma começa a contrair antes de se encher completamente (400 ml). Os pacientes normalmente vão ao banheiro várias vezes ao longo do dia, com sensação de urgência e também acordam várias vezes à noite para urinar.
Como é feito o diagnóstico de infecção urinária?
O diagnóstico é feito com base nos sintomas, além de exames de urina e sangue. O exame ideal para ser realizado é a urocultura. Esse exame específico de urina permite a identificação exata da bactéria causadora da infecção urinária e quais antibióticos são eficazes para o tratamento.
Como é feito o tratamento?
Atualmente, o tratamento é feito por meio de antibióticos durante um curto período, na maioria das vezes, entre 3 e 5 dias. Existem também antibióticos de uso único. O USO DE ANTIBIÓTICOS DEVE SER SEMPRE PRESCRITO POR UM MÉDICO.
E as infecções de repetição?
Por definição, as infecções urinárias de repetição são aquelas em que ocorrem três ou mais episódios no último ano ou dois ou mais episódios nos últimos seis meses.
Quem tem maior risco para infecção urinária de repetição?
Os principais fatores de risco para infecção urinária de repetição dependem da idade da mulher.
Entre as mulheres jovens, antes da menopausa, os principais fatores estão relacionados aos hábitos sexuais: vida sexual ativa, novos parceiros sexuais, uso de espermicida ou antecedência de infecção na infância.
Já entre as mulheres idosas e após a menopausa, os principais fatores de risco são: vaginite atrófica por deficiência hormonal, cistocele (bexiga baixa), bexiga neurogênica e necessidade de uso de sonda / cateterismo intermitente.
Outro importante fator de risco é a baixa ingesta de água.
BEBA ÁGUA!
Como tratar as infecções de repetição?
A prevenção e tratamento das infecções urinárias de repetição compreende três aspectos: controle dos fatores de risco, mudanças comportamentais e uso de medicações ( antibióticos e não-antibióticos).
Entre as mudanças comportamentais, orientamos as mulheres a ingerirem mais água, realizar uma higienização intima adequada após as relações sexuais – como urinar, lavar-se de frente para trás após as evacuações e evitar ducha higiênica (pela pressão da água) ou roupa íntima apertada.
Entre as medicações, podemos usar extrato bacteriano para aumentar a imunidade ou antibióticos em baixa dose, de uso contínuo, por até 3 ou 6 meses.